segunda-feira, 30 de março de 2009

Crítica Elspeth - Os Libertadores do Pensamento

por Rita V., presente também no blogue Bela Lugosi Is Dead (fica a sugestão de visita)


Elspeth – Os Libertadores do Pensamento representa o segundo volume das Crónicas de Obernewtyn.

Dois anos passaram desde os acontecimentos do livro anterior e muito mudou em Obernewtyn. A comunidade de Inadaptados residente cresceu em segredo e criaram-se irmandades: a dos subjugadores, Curandeiros, Videntes, Perscrutadores, Encantadores e do Engenho, cada uma representando os vários Talentos e cada uma com o seu respectivo Mestre.

Elspeth, Mestre da irmandade dos Perscrutadores preside numa expedição às Terras Baixas com o objectivo de encontar uma biblioteca do tempo Primordial, escondida numas ruínas algures entre Murmroth e Aborium, e um novo Talento, tão ou mais poderoso que Elspeth, detectado pelo Zebkrahn (máquina dos Antigos modificada para encontar Talentos). Mas esta missão tem ainda outro objectivo: ir a Sutrium para descobrir se o Conselho suspeita do que se passa em Obernewtyn e instalar uma célula de segurança que lhes permitirá obter uma melhor posição para descobrir as intenções do Conselho.

Maryon, uma vidente, prevê que a missão tem de ser cumprida e que a presença de Jik na expedição (jovem noviço com Talento, resgatado da irmandade dos Pastores) é fundamental para o seu sucesso. Acresce ainda aos perigos da viagem o factor tempo: têm de regressar a Obernewtyn antes de a Passagem gelar no Inverno ou Obernewtyn cairá...

Esta história é rica em acontecimentos inesperados e empolgantes, que prendem o leitor da primeira à última página. Alguns mistérios são desvendados, mas surgem sempre novos e há muitos que estão ainda por descobrir. Tal como no livro anterior os animais têm um papel importantíssimo! Desde os delírios de Maruman, à coragem dos equídeos como Gahltha e à sabedoria dos Agyllians (pássaros Guanette) e tal como os funaga, também estes têm as suas próprias missões a cumprir.

Trata-se de um livro de escrita acessível, simples de ler e com a sua já conhecida originalidade. A tradução/revisão está mais uma vez de parabéns, pois as gafes foram muito poucas ou mesmo inexistentes.

A capa está fantástica, no entanto parece-me que devia ter escrito algures que se trata do segundo livro das crónicas. Lamento que não tenham acrescentado neste livro o apêndice que vem no original,
The Farseekers, com a lista das Irmandades e os seus respectivos membros.

Dito isto, aguardo com grande espectativa a continuação da história, que tem tudo para continuar a cativar e impressionar o leitor.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O 2º volume d' As Crónicas de Obernewtyn



Já nas livrarias!

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Sobre Elspeth - A Senhora do Pensamento

Deixamos aqui a crítica ao livro, publicada no blog Bela Lugosi is Dead (fica a sugestão de visita), por Rita Verdial:

Tudo começa quando o mundo se altera por completo depois do holocausto, conhecido como Grande Luz. Os dias que lhe seguiram foram negros, reinava a morte, a destruição e a loucura. Apenas aqueles que viviam em quintas e herdades remotas não foram atingidos. Muitos dos afectados pela Grande Luz conseguiram sobreviver embora só mais tarde viessem a descobrir que já não eram os mesmos. Tanto seres humanos como animais sofreram mutações (adquiriram capacidades mentais superiores às normais), sendo estas por vezes transmitidas à descendência e não sendo algumas detectadas à nascença.

Estes humanos “mutantes” passaram a ser perseguidos pelo Conselho (uma ordem poderosa, cujos membros não foram afectados pelo Holocausto, criada para executar a justiça) e passaram a ser designados por Inadaptados.

Elspeth Gordie é uma orfã, filha de sobreviventes ao Holocausto, com poderes mentais extraordinários. Consegue ler a mente de pessoas e animais e é capaz de comunicar mentalmente com os mesmos, isto entre outras capacidades mais excepcionais. Como tal passa a vida a ocultar estes poderes para passar despercebida aos olhos do Conselho. Mas há um momento em que a vida de Elspeth se altera por completo, e este é marcado pela chegada de uma Guardiã de Obernewtyn...

A história gira em torno da vida desta jovem, da sua missão e de uma profecia a ela associada. É um livro muito interessante, original, que me agarrou desde as primeiras páginas. A escrita da autora é bastante acessível e a tradução/revisão está, na minha opinião, bastante boa.
As personagens são misteriosas e cativantes e não falo apenas dos humanos. Os animais, como Maruman (um gato) e Sharna (um cão), também com capacidades fora do vulgar, são bastante engraçadas e intrigantes e adquirem especial importância no desenrolar da narrativa.
Os locais onde se passa a história, em especial Obernewtyn, estão geralmente envoltos num grande mistério, que nos aguça a curiosidade e que nos faz querer saber sempre mais acerca deles.

Para além do que já foi referido, este livro tem outros aspectos bastante positivos.
Exteriormente temos uma capa bastante apelativa e no interior podemos encontrar um mapa, que é óptimo para nos situarmos na história e acompanharmos o percurso das personagens e um índice que ajuda bastante caso queiramos reler alguma passagem do livro.

Depois disto apenas posso dizer que anseio pela continuação destas crónicas que já têm um lugar especial na minha estante.
Elspeth – A Senhora do Pensamento é o primeiro de seis livros, que serão pubicados pela Bertrand, que constituem as Crónicas de Obernewtyn.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Primus Inter Pares e o universo Fantástico

Bem, a verdade é que a Fantasia está a ganhar terreno no universo dos livros e, na iminência da quarta edição do Fórum Fantástico, vamos falar um pouco deste fenómeno.

Falando de livros (já que os RPG's são um peso-pesado), desde o esmagador sucesso das sagas Harry Potter e Senhor dos Anéis (esta última já bem adulta quando se tornou «famosa») que o público - especialmente adolescente e jovem - se virou para o Fantástico de um modo, até à data, nunca visto.
Feiticeiros, magos, grifos, princesas, elfos, trollocs, druidas, sacerdotizas, cavaleiros e amazonas, exércitos fantasmagóricos, hobbits, planícies e vales distantes (uma distância de mundos) de cidades e tecnologias de ponta, harpias e batalhas, tudo isto se tornou parte de um novo imaginário juvenil, com espaço para heróis e vilões como modelos.
O aparecimento de novos títulos e autores (e a aclamação mundial de outros já com percursos longos) foi - e é - de uma rapidez vertiginosa, saciando os apetites imediatos dos leitores. Agora, como tudo (até na literatura), há um outro lado da questão, muito bem apontado num artigo da revista Os Meus Livros deste mês: a produção de títulos é, de facto, impressionante mas isso não garante que, a outros níveis, o resultado seja perfeito.

E porquê?

Segundo o artigo, dos muitos títulos que surgem, poucos são aqueles que não lutam pelo lugar de Tolkien ou Robert Jordan, isto é, a aposta feita pelas editoras é reduzida e até redutora. Citando:

«Os blurbs e promoções rejeitam toda a promessa de algo novo, atropelando-se na ânsia de promover o "novo Tolkien", os livros que fazem lembrar livros anteriores em tudo menos no nome das personagens. A palavra de ordem parece ser "se gostou deste, leia aquele, pois são 'absolutamente' iguais. »

Enfim, feiticeiros, magos, grifos, princesas, elfos, trollocs, druidas, sacerdotizas, cavaleiros e amazonas, exércitos fantasmagóricos, hobbits, planícies e vales distantes (uma distância de mundos) de cidades e tecnologias de ponta, harpias e batalhas, repetindo-se incansavelmente.

Por outro lado,

«A inexistência de uma publicação constante de obras de Fantasia adultas, capazes de permitir a transferência deste público leitor ao atingir a adolescência ou maioridade, deixá-los-á órfãos (logo que ultrapassem essa idade) ou atavicamente presos a uma infantilidade cultural.»

Ou seja, feiticeiros, magos, grifos, princesas, elfos, trollocs, druidas, sacerdotizas, cavaleiros e amazonas, exércitos fantasmagóricos, hobbits, planícies e vales distantes (uma distância de mundos) de cidades e tecnologias de ponta, harpias e batalhas que nunca se atrevem a ser feiticeiros, magos, grifos, princesas, elfos, trollocs, druidas, sacerdotizas, cavaleiros e amazonas, exércitos fantasmagóricos, hobbits, planícies e vales distantes (uma distância de mundos) de cidades e tecnologias de ponta, harpias e batalhas adultas.

Nomes como Tolkien ou Robert Jordan, do mesmo modo que Rimbaud, Dostoievsky, Pessoa ou Oscar Wylde, têm o seu lugar num patamar muito próprio. Todos eles partilham de um mesmo aspecto (e tão diferentes as literaturas): a originalidade, a distinção entre muitos, a herança deixada não a um tempo ou tendência mas, exactamente, à intemporalidade.
A dita «promessa de algo novo» não deve (nem tem) de ser evitada mas antes mantida.


segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Renda-se aos poderes de Elspeth

Fique a conhecer os seis títulos de As Crónicas de Obernewtyn:










Isobelle Carmody lê o 1º capítulo de The Stone Key, 6º volume das Crónicas de Obernewtyn


Elspeth, A Senhora do Pensamento

«Tive um sonho.
Nesse sonho, encontrava-me num lugar frio, escuro e silencioso. Ouvia água a pingar e sentia medo, embora não soubesse bem de quê. Parecia estar à espera de alguma coisa. Ao longe, brilhou um ponto de luz intenso. Como um grito, um ruído agudo e gemente encheu a atmosfera, embora ninguém fosse capa de gritar durante tanto tempo sem parar para respirar.»


Para Elspeth Gordie, nascida com insondáveis poderes mentais que a condenariam à esterilização ou à fogueira se fosse descoberta, a vida envolve inúmeros perigos. Só o segredo permite a sobrevivência, por isso ela decide nunca recorrer aos seus dons proibidos. Estes parecem, contudo, ter um desígnio próprio e, ao usá-los, Elspeth atrai inevitavelmente as atenções do Conselho totalitário que governa a terra.
Enviada para a instituição de Obernewtyn, Elspeth terá de despir o seu manto de segredos e enfrentar aqueles que desejam ressuscitar as terríveis forças na origem do apocalipse. Só então Elspeth descobre verdadeiramente quem é — e o que é.